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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O King morreu mas não desapareceu

Morreu Eusébio. 


Nem acredito que o estou a escrever, confrontado com a mortalidade de um daqueles mitos que julgamos eternos e imunes às leis que governam os comuns mortais, mas é mesmo verdade. O coração de Eusébio cedeu finalmente, após alguns ameaços anteriores. Segundo relatos vindos a público, o King, alcunha carinhosamente dada ao Pantera Negra (mais outra), perdão, a Eusébio, morreu em casa.

Foi em choque que recebi a noticia, tão chocante como devastadora. Como sabem, tenho tirado algum do tempo que dava ao Benfica, para fazer outras coisas, e no Sábado não acompanhei o jogo da Taça com o Gil Vicente. Quando, no Domingo depois de almoço, procurei nos sítios habituais pelo resultado e pelos golos, fui surpreendido pelas manchetes e declarações, pelas fotografias "gigantes" dos remates de Eusébio, em tardes e noites tão memoráveis. A principio, nem assimilei a morte do King, tão vidrado fiquei nas fotos dele. Ainda demorei uns bons 5 minutos a admirar cada remate, naquele gesto tão "eusebiano" da perna estendida depois de mais um tiro ao seu alvo preferido.

Ao ler as diversas declarações de circunstância não posso deixar de frisar duas. 
  • A de Pinto da Costa, elegante o suficiente para não entrar em ataques nesta altura, frisando o que de bom Eusébio trouxe a Portugal. Continua a ser um inimigo, ninguém tenha dúvidas.
  • E a de Mário Soares, reles e despropositada. O antigo governante, foi demasiado mau e acrescenta mais uma patifaria ao rol do que têm sido os seus últimos tempos.
Conheci o Eusébio pessoalmente uma única vez, no centro comercial Fonte Nova (em Benfica), quando ao vê-lo me agigantei e me dirigi à mesa onde almoçava tranquilamente com amigos. Foi simples e humilde, e embora não me lembre exactamente das suas palavras, lembro-me bem do sentimento que senti ao ouvi-las. Eusébio era O símbolo do Benfica. O seu nome confunde-se já com Benfica, sendo murmurado a cada vez que um benfiquista se apresenta no estrangeiro. A este respeito, convido todos os leitores a lerem este brilhante texto no blog RedPass. Podem aceder ao texto no link em baixo:

Os exemplos da sua importância, não só para o Benfica ou para Portugal, têm sido mais que muitos nas últimas horas e demonstram para lá de qualquer dúvida a grandeza de Eusébio. Foi sem falsos pudores um dos melhores de sempre, neste desporto das massas. Sonhou e fez sonhar quem o viu, numa mistura de ilusão e realidade. Era o denominado fora-de-serie.

Tenho imensa pena que o Benfica dos últimos (largos) anos, não tenha estado à altura. Por razões que não interessa agora revisitar, o Benfica de Eusébio e companhia parece cada vez mais um sonho distante que alguém teve um dia e de que se guarda boas recordações. Em jeito de resolução de ano novo, acho que quem manda no Benfica comercial deveria reflectir, nesta hora de pesar, se o Benfica actual é condizente com aquele que Eusébio e tantos outros ajudaram a construir. Seguramente veriam algumas coisas que simplesmente não têm lugar nesse Benfica de Eusébio.

Não sou religioso, nem acredito na vida depois da morte, mas é bonito pensar, que caso esteja enganado, estará nesta altura a ocorrer o derby dos derbies, com Eusébio e Damas frente a frente mais uma vez.

Morreu ontem Eusébio mas a lenda é eterna.


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